Arquivo para maio 2008

THE LAST GASP FESTIVAL

31 de maio de 2008

 

O FIM DA JUKE JOINT


2000 †2008


Velando a espelunca com


TROVADORES DE BORDEL


LA CARNE


SACO DE RATOS


FÁBRICA DE ANIMAIS


Não perca o funeral mais Rock’n’Roll de toda a sua vida.


Dia 31 de maio, sábado, a partir das 23:30

Rua Frei Caneca, 304 – 3120 1229

A turma da “Ana” no Sesc Pompéia

30 de maio de 2008

Técnica logo após o espetáculo “Ana Cristina Cesar” no Sesc Pompéia, ontem, quinta-feira. Prestenção, Hoje, Sexta-feira, é a segunda e última! apresentação. Se perder hoje, já foi. Fique ligado. É às 20:00. Tem mais fotos, e com melhor resolução, no Fotoblog do Desconcertos Aqui.

Há dias…

29 de maio de 2008

Gostaria muito que algumas coisas, não todas, algumas, fossem um pouco mais fácil. Gostaria que minha filmadora não estivesse dando defeito e me deixasse agora em uma bruta dúvida se as fitas de um trabalho que estou realizando não foram completamente perdidas ou simplesmente não estão rodando. Queria não ter tido uma briga besta com a besta do meu irmão, no meio da qual acabei quebrando um objeto que trago há muitos anos (velho e possivelmente muito feio, mas era meu e eu tinha muito carinho) (a alternativa era jogar o objeto na cabeça do meu irmão, mas infelizmente consegui me conter). Deveria ter recebido a grana de duas atividades que realizei e, por conta de algumas fatalidades, só recebi de uma, e voltei de novo à situação de esperar mais por ainda por algo que já deveria estar (e, o pior que as pessoas responsáveis são muito bacanas, não tiveram culpa no lance, e assim não consigo nem achar com quem ficar zangado) e, portanto, credores terão que esperar mais um pouco também. E não consigo falar com o meu amigo para avisar que não haverá gravação hoje por conta de um chilique na máquina. Há dias… No entanto, sairei, espairecerei a cabeça, assistirei o espetáculo que a Fernanda, a Martha e o Edinho montaram sobre a poeta Ana Cristina Cesar lá no Sesc Pompéia.

Começou a chover.

Ana Cristina Cesar no Sesc

29 de maio de 2008

Pensaram, montaram a idéia, construíram um roteiro, tiveram certeza do que queriam, sabiam de sua própria loucura e do prazer de realizá-la, escreveram, correram atrás, foram ao Rio, entrevistaram gente, conheceram pessoas que a conheciam, lembraram pensamentos, filmaram, editaram, usaram um muro (!), Martha Nowill bolou a coisa, convidou a Fernanda D´Umbra, convidaram o Edinho Kumasaka, e o resultado será apresentado hoje, quinta-feira, e amanhã, no Sesc Pompéia.

Acabamos de sair de uma loucura deliciosa do Vocabulário no B_arco semana passada e somos levados à obra destes outros malucos, sua interpretação de Ana Cristina Cesar, com a diferença de que lá a emoção desbragou-se em cinco horas de apresentação enquanto aqui a emoção será concentrada em meia-hora!

Prepare-se para uma porrada no estômago e no coração, pode ter certeza.

 

Fernanda D´Umbra: “Caros amigos,

Às vezes, dá vontade de matar as pessoas com quem você está trabalhando. O trabalho em equipe é enlouqucedor.

No VOcabulário, evento organizado por meus amigos Chacal, Marcelo Montenegro, Paulo Scott e Gabriel Pinheiro (com o suporte técnico da famíla Pinheiro toda), apresentei-me sozinha e ensaiar foi muito fácil. Não discuti com ninguém, não partilhei opiniões, não pensei se deveria ou não fazer e/ou aceitar sugestões, fiquei só.

Por que estou dizendo isso tudo? Porque o trabalho que apresento na quinta e na sexta (dias 29 e 30 de maio) não é só meu.

É de outras duas pessoas, que se envolveram nele com a mesma loucura que costumo dispensar às minhas coisas.

Martha Nowill e Edson Kumasaka: são eles.

O espetáculo que a gente apresenta na quinta e na sexta foi feito por nós três e cruelmente apenas por nós três.

Tudo, meus caros: carregar equipamento, escrever roteiro, gravar, entrevistar, estudar a obra da mina, pesquisar documentos, montar a trilha, a luz, falar com todo mundo, pedir coisas emprestadas, devolver em perfeito estado (promessa), tudo.

A gente poderia ter se matado. Era muito pouca gente pra muita, muita coisa.

Mas não nos matamos. Sequer deu tempo de pensar nisso. Trabalhamos como doidos para realizar 30 minutos de espetáculo.

Mais uma daquelas minhas direções que têm um tempo estranho. Não é esquete, não tem duração para ser uma peça, não serve para aquilo, não serve para isso, mas é lindo.

Talvez, esse espetáculo não sirva para nada.

Talvez. Mas é lindo.

Porque fala sobre Ana Cristina Cesar.

E sobre ela, não quero falar aqui.

Ah, tenho falado tanto dela…

Vejam, se puderem.

Um beijo,

Fernanda D´Umbra “

 

ANA CRISTINA CESAR

Idealização e Roteiro: Fernanda D´Umbra e Martha Nowill

Interpretação: Martha Nowill

Fotografia e edição: Edson Kumasaka

Direção, iluminação e trilha sonora: Fernanda D´Umbra

Produção: Edson Kumasaka, Fernanda D´Umbra e Martha Nowill

(Juro!)

ÚNICAS APRESENTAÇÕES

DIAS 29 e 30 de Maio

quinta e sexta

20h – únicas apresentações

Grátis!

SESC Pompéia

Rua Clélia, 93

Fone: 3865.0324

FINAL DE TARDE, PRAÇA DO CORREIO

29 de maio de 2008

Ao Charles

 

Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida.

Sônia considerou as razões pelas quais tudo dava errado e concluiu que eram todas. Era assim. Vida besta desde o nascimento. Cota comum de pais recalcados, ignorantes e opressores, namorados estúpidos e violentos, empregos insípidos e sem futuro. Igual, um patrão/galinha/obsceno. Seu casamento durara exatos um ano e dois meses: o tempo suficiente para  ficar grávida e descobrir que seu marido mantinha outra família desde antes ainda. Mulher e três filhos! E foi Sônia a pagar a maior parte das despesas da cerimônia e da festa. Mulher e três filhos! Isto é, nada fora do normal. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Desavergonhada. Moça  da vida. Vaca.

Sua mãe dizia Culpa Dela, protegia seu ex-marido e lhe dava razão, tratava-o como injustiçado. Seu pai adorava a situação, demonstrava o quanto seus filhos eram idiotas e tapados. Maior orgulho chegar pros amigos do bar Viu Como Aquele Desgraçado Se Fodeu? É Meu Filho O Peste e gargalhava de gosto. E era Sônia a colocar dinheiro em casa, única com salário fixo, fosse lá! contar com a aposentadoria dos velhos ou a displicência dos irmãos. Puta semvergonha.

A cabeça rodava, não entendia as risadas. Não havia nada dentro da bolsa. Nada de importante. Nem originais os documentos, xerox autenticada. Marmita suja que não tivera tempo de lavar, horário da loja muito rígido. Dinheiro … ridículo, moedas miúdas, troco pra passagem (dia de pagamento nem mesmo passava pelo Caixa, tudo já comprometido), uma nota falsa de um dólar, passe de ônibus acabara (seu irmão mais velho roubava da bolsa).

Carregava um gravador. Coisas da vida, amiga trouxera de presente. Rádio-gravador velho antigo parecia deslocar o ombro. Em tempos de cd, valia mais jogar fora, mas e coragem? Nem. Adiou dias para levar pra casa, sabia da trabalheira, do cansaço. Atravancava o armário pequeno, fazia volume, tirava do uniforme. Resolveu leva-lo.

Foi o que atrapalhou o trombadinha (´trombadinha´ de uns, sei lá, metro e oitenta): subestimou o peso. O instinto de Sônia agarrou a bolsa, foram parar os três no chão. Bateu a cabeça, tentou levantar, as pernas não obedeceram, como quebrado o ombro por martelo, a dor subia e descia dos pés á cabeça, o desespero e o medo não a deixaram gritar. Nem não precisava gritar, estavam na Praça do Correio horário do rush (fila do Jardim Irene tinha quatro). Gente não faltava. Mas gente não se movia, não falava, começou, inclusive, a rir da posição ridícula da queda.

Trombada sondou terreno, se sentiu com moral, tomou respeito, ficou com ares de ofendido. O Que Ela Pensava Que Era. Sônia não entendia mais nada, as risadas aumentavam. Ela sabia o que tinha que fazer: deixar rolar, largar a bolsa, engolir o fel, voltar chorando pra casa. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida. Perdida.

Levantou. Estou Ficando Zangado, Tem Medo de Morrer Não?  Passou a bolsa para o outro ombro. Desinfeta, Vadia! A alça caiu, segurou com a mão. Pegou do braço dolorido, sem precisão, pura maldade. Sônia É Isso? Toma! Girou a bolsa. Ouviu dois sons perfeitamente distintos, a cabeça do malandro quebrando com um ruído abafado. E ouviu! o sangue colando no couro.

Perplexa, entrou no ônibus sem olhar para trás, mãos trêmulas quase perderam a moeda da passagem, o cobrador olhar esquisito Não Tem Troco, sentou no banco também estranho e sorriu. Tinha certeza absoluta de que quando abrisse a bolsa, o gravador não teria soltado nenhuma peça. Era antigo, daqueles pesados.

Reverberando o vocábulo

28 de maio de 2008

Meu caro amigo Zé Carlos, o Zeca, me mandou mais algumas fotos do evento de sábado, o Vocabulário, os quais mandei já para o Fotoblog do Desconcertos, inclusive esta aqui de cima, a Iara Vignon, que achei muito maneira! O Zeca, aliás, é um cara extremamente ligado no que acontece de cultura e faz suas indicações no seu blog, as Dicas do Zeca, linkado aqui do lado.

Por outro lado, remeto ao comentário que a Juliana fez no post de ontem, expressando suas observações sobre o evento. Confesso que fiquei sem saber o que responder, em saber que essa alegria e a emoção daquelas horas foram tão bem compartilhadas e apreciadas, como era exatamente o desejo e a esperança de todos os que estiveram lá, os participantes no palco e os participantes de público que, tais como a Juliana, também fizeram o fundamental papel para que aquele clima todo acontecesse do modo como aconteceu. Acho que eu poderia acrescentar somente que, em próximas ocasiões, ela nos desse o gosto de sentar e conversar e nos conhecer, e posso bem compreender a sensação da coisa, pois sinto exato o mesmo, por exemplo, em ter conhecimento e poder participar de modo tão próximo com pessoas tão extraordinárias como Chacal e o Paulo Scott e, ah, mais essa porrada de gente bacana, que realiza um trabalho tão espetacular. E vamos acabar com as hipérboles! O importante agora é partir para a próxima. A Juliana, inclusive, possui uma escrita muito interessante, a qual está monstrando somente, por enquanto, a alguns convidados, no seu blog. Quando ela permitir, deixarei-o linkado aqui no Desconcertos.

VAleu!

Milo Manara desenhando X-Men!

28 de maio de 2008

Não é o máximo? O mestre dos desenhos eróticos e criador das mulheres gráficas mais gostosas do planeta trabalhando com os mutantes (e as mutantes) mais simpáticos do universo! Não é possível (pelo menos, eu não consigo) imaginar o que vai sair dessa combinação, mas com certeza o visual das mutantes nunca terá sido tão voluptuosa como serão. Vamos ver, a expectativa é boa. Só espero que a história e o roteiro sejam equivalentes, já que como escritor Manara é um espetacular desenhista. Ao que parece, o trabalho está bem adiantado ou até já terminou, indo para as finalizações e publicações e afins. No meio disso, alguém conseguiu uma palhinha, só para termos uma idéia da coisa e atiçar nossa imaginação. Clique aí na imagem para vê-la por inteiro. Eu pessoalmente não sei identificar ainda quem está representado aqui, embora tenha a certeza de que não se trata do Wolverine!

fotoblog do Desconcertos em ação: VOCABULÁRIO no B_arco

27 de maio de 2008

 

E foi bonita a festa, pá. Como disse a escritora Andréa Del Fuego, junte quatro malucos do calibre do Chacal, Marcelo Montenegro, Paulo Scott e Marcelino Freire e dá nisso. Vocabulário. A coisa foi linda. Foram cinco horas de poesia, literatura, música, cultura, e emoção, de arrepiar. Conforme o resultado deste, cogitava-se de manter o evento como mensal, e pela reação do público, claro que será. Foram muitos autores e artistas, o clima foi de uma beleza e experimentações compartilhadas, re-irmanadas. Até mesmo eu não atrapalhei tanto. Li dois textos meus (um dos quais, o conto “A Velha” transcrevi no post anterior) e, conforme a proposta que me fora pedida pelo Paulo Scott, de apresentar textos de autores outros, resolvi ler um trecho de “Prelúdios e Noturnos”, a primeira saga de Sandman, de Neil Gailman. Estava tão nervoso que não faço a menor idéia até agora se realmente conseguiram me ouvir, eu me mexia tanto que, com certeza, devo ter afastado minha boca várias vezes do microfone, mas enfim… o Vocabulário correu bacana, sem desastres provocados por mim (pelo menos, não derrubei o microfone no chão).

Com tanta coisa, e com tal evento, praticamente não é possível marcar destaques, pois sempre será indelicadeza para com os que não serão lembrados, mas na real há dois que não posso deixar de citar: em primeiro lugar, a presença de Iara Vignon, que foi a verdadeira estrela da noite. Veja as fotos e meus comentários, e entenda perfeitamente porque. E, em segundo, logo após tudo terminado, a emoção ainda na pele, os cenários começando a serem arrumados, e logo antes de se dirigirem ao resto da noite para beberem e comemorarem, foi uma delícia e um privilégio ouvir de mestre Chacal que repetia “gente, esse foi só o primeiro, ainda estamos aprendendo, há tanto ainda para melhorar, vamos fazer ainda melhor da próxima vez”. VEJA AS FOTOS AQUI.

Notas de puro desconcertos

27 de maio de 2008

COCAÍNA EM VERSOS! Charles Bukowski, Allen Ginsberg, Mario Benedetti, Nacho Vegas, Hans Magnus Enzesberg, são alguns dos nomes de uma antologia preparada para provocar e atiçar polêmicas: “La Venganza del inca”. Organizada pelo poeta espanhol David González, uma antologia que se propõe a recolher o que os poetas e a poesia têm a dizer sobre o pó. Segundo David, não muito. Assunto complicado e não tão glamouroso, poucos autores escreveram sobre e a maioria recai sobre seus efeitos piores. Para o organizador, é mais um sinal de hipocrisia do que falta de possibilidades: “Hay otros temas de los que se puede hablar, no sólo está el amor. Hay mucha hipocresía: Lees a los grandes poetas del amor y descubres que estaban divorciados 3 o 4 veces o tenían amantes”, expresó el asturiano, para quien la presencia en la sociedad de la cocaína es “incuestionable”, a la luz de los diferentes informes de la OMS, algo que “extrañamente” no queda suficientemente reflejado en la literatura.”. A apresentação do livro chegou a ser proibida em um universidade espanhola, imagine se algum dia chegasse por estas brasilis. Tem mais detalhes aquí.  *

HOMEM-ARANHA: MUSICAL DA BROADWAY. Faz um tempo que os produtores musicais norte-americanos estavam loucos para realizar isso. Agora conseguiram. Provavelmente o sucesso impressionante que teve a versão musical do “Rei Leão” proporcionou a oportunidade destes produtores provarem a viabilidade de tal projeto. Bueno, consegue imaginar o homem-aracnídeo saltando de teia em teia para o edifício seguinte em cima do palco enquanto canta seu amor pela Mary Jane ou seu ódio pelo Duende Verde ou um dueto dos tios de Peter Parker? Eu não. Com a onda das big-grandes produções que estão nos assolando ultimamente, não demora, vai chegar aqui também. Ah, isso chega, com certeza. Para acrescentar, a direção do espetáculo é da Julie Taymor, a responsável pelo “Rei Leão”, e músicas do Bono e The Edge. Passemos para o próximo assunto. *

Entre discussões internéticas, tweeters, debates eletrônicos, tecnologia moderna e cultura modernérrima, está nascendo a próxima FLAP. Atenham-se, prestenção, a coisa parece que vai ser muitíssimo interessante! Tá bacana. Como não participei das reuniões de preparação do evento, espero que esse movimento todo seja de alguma forma refletido nas discussões agendadas, dá um belo caldo lítero-cultural-tecnológico, nénão? Acompanhe AQUI  e AQUI o que está rolando. * Aliás, a Márcia Bechara dá um toque sobre essa OFICINA DE TEATRO que está rolando na Ação Educativa, fica ligado. *

“Um livro que não é feito para guardar idéias, para documentá-las, ou simplesmente expor o ponto de vista do autor, mas para provocar idéias nos outros, para que os que lêem se sintam instigados a exercer o direito de pensar mais, de pensar melhor, de pensar até que seu modo de pensar faça diferença na sua visão da vida. E, também, na sua própria ação. O subtítulo “para ler-junto” é a minha tentativa de dizer que filosofia não é um pensamento acabado, mas um processo de pensamento que se faz coletivamente, no diálogo, na conversação. Com este livro tentei situar a importância do que cada um pensa e da relação que o pensamento de cada um tem com o de outro que infuencia meu pensamento. Quis também mostrar que as idéias devem ser de todos, que podemos usá-las na nossa vida, que podemos nos divertir com elas, brincar, ensinar e aprender por meio delas e, sobretudo, sanar um pouco da falta de pensamento que há no mundo.”FILOSOFIA EM COMUM“, editora Record, novo livro da filósofa e escritora Márcia Tiburi, cuja obra sempre se serviu assim forma para abrir discussão, trocar idéias, sem dogmatismos ou pensamentos restritos e fechados, em estilo franco, sincero, direto, e sem frescuras. Livro o qual já estou ansioso para ler. Para saber mais, o BLOG da autora. *

E, ALIÁS, a querida poeta Elaine Pauvolid lança seu “LEÃO LÍRICO” no próximo dia 02 de junho, na Livraria da Travessa de Ipanema. Sempre achei essa mistura (lançamento de livro No Rio de Janeiro) de uma gostosice tremenda, ainda mais então com pessoas queridas e lindas como a Elaine. Não poderei estar presente, mas vai daqui meu beijo internético desconcertábil. *

O HQMIX, o prêmio mais importante dedicado aos Quadrinhos e seus profissionais do país, divulgou sexta-feira passado o nome dos seus indicados. A lista já foi publicada por um monte de sites e blogs dedicados à novela gráfica, mas não tem problema, deixo exposto aqui também quais são as possibilidades para essa próxima premiação. Mesmo porque, quem quiser dar um toque, fazer sugestões, apontar falhas, pode ficar à vontade e dizer, gostaria que esse espaço desconcertábil servisse para essa conversa. Um primeiríssimo exemplo que já deixo de prévia é a estranha falta da indicação do site NEORAMA, dirigido por Marko Ajdaric. Já disse em outras ocasiões da impressionante gama de informações que Marko consegue recolher pelo mundo inteiro (literalmente!), organizar e repassar para os que assinam sua newsletter pelos que desejam saber em exato o que está acontecendo pelo universo dos quadrinhos pelo planeta. Por certo, o Brasil não está nada mau em relação a jornalistas e espaços de discussão e notícias sobre o assunto (alguns estão bem linkados aqui no Desconcertos), mas para o Neorama nem ter sido indicado, caramba!

Estes são os indicados para o HQMIX:

Desenhista Nacional
Fábio Moon e Gabriel Bá (5, Alienista e Fanzine)
Guazzelli (O Primeiro Dia, O Relógio Insano e Ragú #6)
José Márcio Nicolosi (Fetichast: Província dos Cruzados)
Laudo (Clube da Esquina e Tianinha)
Marcatti (A Relíquia)
Mozart Couto (A Boa Sorte de Solano Dominguez)
Spacca (D. João Carioca)

Desenhista Estrangeiro
Charles Burns (Black Hole)
David B. (Epiléptico 1)
Doug Braithwaite (Justiça)
Frank Quitely (Grandes Astros Superman)
Hiroya Oku (Gantz)
John Cassaday (Planetary)
Takehiko Inohue (Vagabond, Slam Dunk)

Roteirista Nacional
Daniel Esteves (Nanquim Descartável)
Fábio Moon (O Alienista)
Guazzelli (O Primeiro Dia, O Relógio Insano)
Laerte (Laertevisão)
Marcatti (A Relíquia)
Spacca (D. João Carioca)
Wander Antunes (O corno que sabia demais, A boa sorte de Solano Domingues)

Roteirista Estrangeiro
Alan Moore (Lost Girls)
Alison Bechdel (Fun Home)
David B. (Epiléptico)
Ed Brubaker (Demolidor)
Guy Delisle (Pyongyang)
Kazuo Koike (Samurai Executor, Lobo Solitário)
Warren Ellis (Planetary)

Desenhista Revelação
Daniel Gisé (Sociedade Radioativa / The Doors)
Felipe Cunha (Front / Eterno)
Gabriel Renner (Tarja Preta )
Jozz (Zine Royale)
Leonardo Pascoal (Bongolê-Bongoró)
Shiko (Blue Note)
Vinicius Mitchell (Revista O Globo)

Roteirista Revelação
A. Moraes (Desvio)
Cadu Simões (Homem-Grilo / Nova Hélade / Garagem Hermética)
Chicolam ( Menino-Caranguejo)
Fabiano Barroso (Um dia Uma Morte)
Leonardo Melo (Quadrinhópole)
Leonardo Santana (Prismarte)
Nestablo Ramos Neto ( Zona Zen)

Chargista
Angeli (Folha de São Paulo)
Chico Caruso (O Globo-RJ)
Cláudio (Agora -SP)
Dálcio (Correio Popular – SP)
Jean (Folha de São Paulo)
Paixão (Gazeta do Povo-PR)
Santiago (Jornal do Comércio de Porto Alegre)

Caricaturista
Baptistão (O Estado de S.Paulo)
Cárcamo (Revista Época / Folha de São Paulo)
Dálcio (Correio Popular)
Fernandes (Diário do Grande ABC)
Gustavo Duarte (Lance!)
Leite (Salão Carioca de Humor / Salão de Imprensa)
Loredano (O Estado de S.Paulo)

Cartunista
Adão Iturusgarai
Allan Sieber
Amorim
DaCosta
Dálcio
Duke
Simanca

Ilustrador
Adams Carvalho
Cau Gomez
Cavalcante
Gilmar Fraga
Kako
Walter Vasconcelos

Ilustrador de livro infantil
Alê Abreu (As Cocadas – Global Editora)
André Neves (O capitão e a sereia – Scipione)
Daniel Bueno (Fernando Sabino na sala de aula – Panda Books)
Felipe Cohen (O nascimento de Zeus – CosacNaify)
Joana Lira (A criação do mundo – Cia das Letras)
Mariana Massarani (Vivinha, a baleiazinha – Salamandra e Adamastor, o pangaré – Melhoramentos)
Suppa (Valentina – Global Editora e Rima ou Combina – Editora Ática)

Publicação Infantil
As Tiras Clássicas da Turma da Mônica(Panini)
Histórias da Carolina (Globo)
Luluzinha (Devir)
Naruto (Panini)
Turma da Mônica (Panini)
Turma do Xaxado (Cedraz)
Witch (Abril)

Publicação de Clássico
As Aventuras De Tintim – Explorando A Lua (Companhia Das Letras)
Corto Maltese – As Célticas (Pixel)
Krazy Kat – Páginas Dominicais 1925-1926 (Opera Graphica)
Marvel 40 Anos (Panini)
O Gaúcho (SM)
Turma Da Mônica – Coleção Histórica (Panini)
Um Contrato Com Deus E Outras Histórias De Cortiço (Devir)

Publicação de Humor
Escombros (Zarabatana)
Groo: Odisséia (Opera Graphica)
Humortífero (Opera Graphica)
Marusaku (Conrad)
Os Noivos Podem Se Beijar (Via Lettera)
Piratas do Tietê: A Saga Completa (Devir)
Tarja Preta (Independente)

Publicação Mix
Front – Ódio #18
Graffiti #16
Marvel Max
Irmãos Grimm em Quadrinhos
Pixel Magazine
Ragú # 6
Tarja Preta # 5

Publicação de Terror
A Serpente Vermelha (Zarabatana)
Black Hole (Conrad)
Courtney Crumrin & As Criaturas da Noite (Devir)
Death Note (Jbc)
Midnight Nation – O Povo Da Meia-Noite (Panini)
Preacher – Rumo Ao Sul (Pixel)
Zombie World – O Campeão Dos Vermes (Pixel)

Publicação Erótica
Chiara Rosenberg (Zarabatana)
Justine (Pixel)
Lost Girls (Devir)
Morango E Chocolate (Casa 21)
Mulheres (Zarabatana)
Revolução (Conrad)
Valentina Volume 2 – 66-68 (Conrad)

Revista de Aventura
Grandes Astros Superman (Panini)
J. Kendall – Aventuras De Uma Criminóloga (Mythos)
Lobo Solitário (Panini)
Mágico Vento (Mythos)
Marvel Action (Panini)
Pixel Magazine (Pixel)
Slam Dunk (Conrad)

Publicação de Tiras
Animatiras de Jean (Abril)
Benett Apavora! de Benett (Independente)
Livro Negro de André Dahmer (Desiderata)
Maakies de Tony Millionaire (Zarabatana)
Mais Preto No Branco de Allan Sieber (Desiderata)
O Mundo É Mágico – As Aventuras de Calvin & Haroldo de Bill Watterson (Conrad)
Talvez Isso… de Marcelo Campos (Casa 21)

Edição Especial Nacional
A Boa Sorte De Solano Dominguez (Desiderata)
A Relíquia (Conrad)
Fetichast: Províncias dos Cruzados (Devir)
Irmãos Grimm Em Quadrinhos (Desiderata)
Laertevisão (Conrad)
O Alienista (Agir)
O Corno Que Sabia Demais (Pixel)

Edição Especial Estrangeira
Antes do Incal – Volume 2 (Devir)
Asterix e a Volta Às Aulas(Record)
Fun Home – Uma Tragicomédia em Família (Conrad)
O Sonhador (Devir)
Persépolis Completo (Companhia Das Letras)
Planetary/Batman – Noite na Terra (Pixel)
Pyongyang – Uma Viagem à Coréia Do Norte (Zarabatana)

Minissérie
52 (Panini)
A Saga do Tio Patinhas (Abril)
Eternos (Panini)
Ex Machina – Símbolo (Pixel)
Fábulas – 1001 Noites (Pixel)
Guerra Civil (Panini)
Justiça (Panini)

Publicação sobre Quadrinhos
Crash (Editora Escala)
Jornal Graphiq (Independente)
Mundo dos Super-heróis (Editora Europa)
Neo Tokyo (Escala)
Revista Omelete (Mythos)
Tokyo Pop (NSP)
Wizmania (Panini)

Publicação Independente de Autor
Defensores da Pátria #1
Dinossauro do Amazonas #1
Homem-Grilo # 42
Lorde Kramus # 1
Menino Caranguejo # 1
Necronauta # 1

Publicação Independente de Grupo
Café Espacial #1
Nanquim Descartável # 1
Bongolé Bongoro # 2
Quadrinhópole # 4
Cão # 2
Garagem Hermética # 3
O Contínuo #6

Publicação Independente Especial
5
Contos Tristes
El Terrado
Música para Antropomorfos
Na Bodega
O Relógio Insano
Schem Há-Mephorash

Publicação Independente de Bolso
A Serpente e a Borboleta
De Bris
Juke Box # 4
Subterrâneo # 20
The Doors
Tulípio # 5
Zine Royale # 2

Projeto Gráfico
A boa sorte de Solano Dominguez (Desiderata)
Almanaque do Ziraldo (Melhoramentos)
Cidades Ilustradas São Paulo (Casa 21)
Estórias Gerais (Conrad)
Laertevisão (Conrad)
Piratas do Tietê vol.2 (Devir)
Sandman – Fim dos Mundos (Conrad)

Álbum de Aventura
300 De Esparta (Devir)
Bone – A Princesa Revelada (Via Lettera)
Corto Maltese – As Célticas (Pixel)
Invencível – Perfeitos Estranhos (Hq Maniacs)
Loki – Edição Especial Encadernada (Panini)
O Menino-Vampiro – Infância Maldita (Mythos)
Os Supremos – Edição Definitiva (Panini)

Publicação de Charges
As Galinhas #1 de Eduardo Prado (Independente)
Dálcio – Charges Publicadas entre 2003 e 2007 de Dálcio (Correio Popular)
Imbróglio Capixaba de Vários (Independente)
Ninguém Segura Caratinga de Vários (Independente)
Pasquim (Antologia 72-73) #2 (Desiderata)
Pizzaria Brasil de Cláudio (Devir)
Urubu de Henfil (Desiderata)

Publicação de Cartuns
Assim Rasteja A Humanidade de Allan Sieber (Desiderata)
Confesso de Marco Jacobsen (Independente)
Desenhos de Humor de Reinaldo (Desiderata)
Existe Sexo Após a Morte de Adão (Desiderata)
Jeremias, O Bom de Ziraldo (Melhoramentos)
Ninguém Segura Caratinga de Vários (Independente)
Onde Foi Que Eu Errei? de Rico (Independente)

Livro Teórico
Almanaque de Cultura Pop Japonesa de Alexandre Nagado (Via Lettera)
Desenhando Quadrinhos de Scott McCloud (M. Books)
Iconográfilos – Teorias, Colecionosmo e Quadrinhos de Agnelo Fedel (LCTE)
JAPOP – O Poder da Cultura Pop Japonesa de Cristiane A. Sato (NSP Hakkosha)
Love Hina Infinity (JBC)
Mulher ao Quadrado – As Representações Femininas nos Quadrinhos
Norte-americanos de Selma Oliveira (UNB/Finatec)
O Riso que nos Liberta de Wellington Srbek (Marca da Fantasia)

Tira Nacional
Animatiras de Jean Galvão
La Vie En Rose de Adão
Malvados de André Dahmer
Níquel Náusea de Fernando Gonsales
Piratas Do Tietê de Laerte
Quadrinho Ordinário de Rafael Sica
Salmonelas de Benett

Projeto Editorial
A Ciência Ri (UNESP)
Batman Crônicas vol. 1 (Panini)
Coleção 100% Quadrinhos (Graffiti)
Irmãos Grimm em Quadrinhos (Desiderata)
Krazy Kat – Páginas Dominicais 1925-1926 (Opera Graphica)
Laertevisão (Conrad)
São Paulo (Casa 21)

Animação
Disputa Entre o Diabo e o Padre pela Posse do Cênte-Fór na Festa do Santo Mendigo de Francisco Tadeu e Eduardo Duval
EngoleDuasErvilhas, de Marão
Garoto Cósmico de Alê Abreu
Juro Que Vi : Matinta Pereira de Humberto Avelar
Leonel Pé-de-Vento (Leonel The Flurry-Foot) de Jair Giacomini
Turma da Mônica – Uma aventura no Tempo de Maurício de Sousa
Yansan de Carlos Eduardo Nogueira

Exposição
400 Quadrinhos Franceses (Midiateca da Aliança Francesa), Niterói/RJ
Exposição “Oscar Niemeyer” (FIQ) Belo Horizonte/MG
Fierro – La Historieta Argentina (FIQ) Belo Horizonte/MG
Mangá: Como o Japão Reinventou os Quadrinhos (Metrô Clínicas) São Paulo/SP
Viajando em Quadrinhos pela França e Alemanha, Icaraí/RJ
Ziraldo – O Eterno Menino Maluquinho (Salão Carioca), Rio de Janeiro/RJ

Evento
25 Anos da Gibiteca de Curitiba (Gibiteca Curitiba)
2ª Semana de Quadrinhos (Ufrj)
2º Festival de Quadrinhos (Fnac Brasília)
4º Ilustra Brasil! (SIB)
5° FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos
Anime Dreams
Recife 12 Horas de Hq

Salão e Festival
1º Salão Internacional De Humor Pela Floresta Amazônica
15º Salão Universitário De Humor De Piracicaba
18º Salão Carioca De Humor
20º Salão De Humor De Volta Redonda
34º Salão De Humor De Piracicaba
3º Salão De Humor De Paraguaçu Paulista
IX Festival De Humor E Quadrinhos De Pernambuco

Adaptação para outro veículo
1º Salão Mackenzie De Humor E Quadrinhos – Documentário
300 – Filme
Carlos Zéfiro – Calendário (Cervejaria Devassa)
Homem Aranha 3 – Filme
Hqs – Quando A Ficção Invade A Realidade – Romance (Rosana Rios)
Três Irmãos De Sangue – Documentário
Turma Da Mônica – Uma Aventura No Tempo

Web Quadrinhos
Desvio – A. Moraes / Jean Okada: http://www.desvio.art.br
Dinamite & Raio Laser – Samuel Fonseca: http://www.dinamiteraiolaser.com.br/index.php
Linha do Trem – Raphael Salimena: http://linhadotrem.blogspot.com
Malvados – André Dahmer: http://www.malvados.com.br
Nicolau – Lucas Lima: http://www.lucaslima.com
The Major – Hector Lima / Irapuan Luiz / Michelle Fiorucci: http://www.themajor.org
Toscomics – Samanta Flôor: http://www.cornflake.com.br/cornflake/toscomics

Site sobre Quadrinhos
Bigorna – http://www.bigorna.net
Fanboy – http://www.fanboy.com.br
Guia dos Quadrinhos – http://www.guiadosquadrinhos.com
HQManiacs – http://www.hqmaniacs.com
MundoHQ – http://hq.cosmo.com.br
Omelete – http://www.omelete.com.br
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Blog sobre Quadrinhos
Blog do Universo HQ – http://universohq.blogspot.com
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Fabiano Gummo – http://fgummo.blogspot.com
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Solda – http://cartunistasolda.blogspot.com
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Site de Autor
André Caliman – http://www.andrecaliman.com
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Articulista de Quadrinhos
Álvaro de Moya (Revista Abigraf)
André Morelli (Mundo dos Super-heróis)
Eduardo Nasi (UniversoHQ)
Gonçalo Júnior (Revista Cult, Bigorna)
Marcus Ramone (UniversoHQ)
Paulo Ramos (Blog dos Quadrinhos do UOL)
Télio Navega (O Globo/Gibizada)

Editora do Ano
Conrad
Desiderata
Devir
JBC
Panini
Pixel
Zarabatana

Bibelôs (em transe e no fotoblog) & CEP (no Rio)

26 de maio de 2008

As fotos de Edson Kumasaka impressionam. Desconcertam, embatucam, desconfortam. O olhar pleno do fotógrafo apreende um significado e uma expressão que todos sabíamos existir, mas que só se torna presente (e real) quando os vemos de frente. Fitando-nos. Aqueles olhares singelos, simples, chamativos, carinhosos ou engraçadinhos (nunca neutros), de repente nos furam a pele, percebemos que ‘sim, eles estão olhando de verdade para nós’, e precisamos nos esforçar para nos dar conta de que são, afinal de contas, bonecos.

Colocar algumas fotos de amostra no fotoblog do Desconcertos é praticamente uma temeridade, eu sei. Primeiro, porque foto de foto já barra a sensação única do ver ao ‘vivo’; nunca a experiência será a mesma ou sequer parecida. Em segundo, ora, pois este fotógrafo aqui não chega perto (e nem pretendo) de atingir um nível mínimo de qualidade (e minha maquininha não ajuda lá essas coisas). Resta assim essa minha pequena e desconcertábil tentativa de homenagem ao Edson e sua impressionante exposição. Clica aqui para ver as fotos.

Grande exposição. Impactante, sim. Só ninguém vai me convencer que aquele palhacinho não está vivo de verdade. Está sim!

BIBELÔS EM TRANSE, de Edson Kumasaka

A exposição vai até 14 de junho 2008

segunda a sexta, das 10h às 19h

sábado, das 10h às 17h

b_arco rua dr. virgílio de carvalho pinto, 426 – são paulo – sp – (11) 3081-6986

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E mestre CHACAL decola do B_arco e do estrondoso VOCABULÁRIO (do qual darei notícias, postarei fotos e tecerei comentários logo daqui a pouco) e volta ao Rio para a 18ª edição do CEP 20.000! Ave, Ave, que no correr da correria do sábado acabei não me dando conta desse detalhe, tão rico e impressionante. 18ª edição!

Se houver alguma alma gentil com uma gentil máquina fotógráfica e que tire algumas fotos do evento, por favor mande-mas e permita-me publicar aqui no Desconcertos e / ou no Fotoblog. VAleu!

CEP 20.000 RETOMA OS TRABALHOS

“Com toda pompa e cerimônia é comemorado os 40 anos de maio de 68. Entrevistas, palestras, opiniões abalizadas, deitam cátedra, dissecando o suposto falecido. Em surdina, na calada, o CEP 20.000 retoma seus trabalhos no Teatro do Jockey e se prepara para fazer 18 anos em agosto. Berço e palco de algumas gerações de artistas, espaço de invenção e liberdade, o CEP é o irresponsável que deixa entreaberta a porta da imaginação nesses tempos de abulia e mercado, nessa cultura impregnada de big brothers. O CEP retoma os trabalhos. As cabeças mais abertas de muitas gerações comparecem, a Prefeitura reconhece e apóia. E o CEP comemora esse eterno aqui agora.

Solo fértil para o plantio, clima bom para versar e cantar. E comemorar a volta dos que não foram, dos que sempre estarão por aí, soletrando com todas as letras, a palavra…….

Nesse primeiro Centro de Experimentação Poética – CEP 20.000 – de 2008, a presença da gratíssima revelação Madame Kaos, do poeta e performer, editor da revista Confraria do Vento, Márcio-André, do saxofonista, poeta e produtor do Projeto MaPa, Marcello Magdaleno em dupla com o poeta Chacal, do experimental Tavinho Paes, do extravagante Edu Planchez, das poetas e atrizes Glauce Guima e Kyvia Rodrigues, das poetas Bárbara Araújo e Eliza Vianna, de Alice Sant’anna, dos poetas e produtores do evento Ratos Diversos, Daniel Soares, Dudu Pererê e Carluxo, da poeta Cecília Borges e da atriz Verônica Debom, do bailarino e professor Márcio Januário, do professor, poeta, cineasta e performer Dado Amaral e sua cria o Na Boa Cia Teatral do Colégio Estadual André Maurois, dos magníficos performers e poetas Igor Cotrim e Gean Queirós e do editor e cineasta Maurício Antoum. Na produção, o tricolor Ricardo Chacal.”

CEP 20.000

Dia 26 de maio de 2008 (hoje), a partir das 20h – Entrada Franca

Rua Bartolomeu Mitre, 1110 estacionamento pela rua Mário Ribeiro, 410

Gávea – Leblon – Fone: (21) 2540 9853

A Velha

25 de maio de 2008

O caminho mais curto para a escola onde estudei o primário era uma picada no meio do mato, uma trilha que precisava ser desbastada volta e meia, pois o mato era persistente e teimoso. Chegou o momento, é claro, que a picada virou rua livre e os problemas foram outros (o principal, o lamaçal que se formava quando chovia) e chegou até a ser asfaltado (mas isso foram outros tempos).

A casa da velha ficava no exato ponto onde terminava o mato e começava a ‘rua’. Era branca, um portãozinho pequeno, uma cerca baixa de madeirinhas entrecruzadas, uma escada de poucos degraus e uma varanda. Ela sentava-se na varanda e observava os passantes. Sei que, em duas ou três ocasiões, um senhor gordo de bigode apareceu, com toda pinta de filho ou neto; nunca mais vi outra pessoa ao seu lado. Para mim, para minha cabeça de criança que não se tocava na época em nenhum desses detalhes, a casa (vazia) e a velha (sozinha) eram uma única unidade, e minha indiferença infantil só mudou depois daquele dia.

Voltava da escola e, pela primeiríssima vez, a vi se mexer e falar. Me chamava; acenava com a mão. Parei, indeciso. A curiosidade foi maior. Claro. Abri o portãozinho, passei pela cerca, subi os cinco degraus. Ela perguntou se eu estudava. Respondi que sim. Foi a única frase inteligível que fez e que eu realmente entendi. Continuou falando, um resmungado, palavras soltas. Sua boca não se abria muito, mas evidenciava a falta dos dentes. Apalpava meu ombro e o braço; meu corpo rígido, desconfortado, não relaxou. Após agüentar mais uns minutos da algaravia, meu estômago beirava à ânsia, dei um tchau ríspido e temeroso e saí quase correndo.

Durante meses, preferi ir para escola pelo outro caminho mais longo, sem mato e sem casinhas e velhas brancas. E, mesmo quando voltei a utilizar a trilha, passava rapidamente, sem olhar para os lados. Em verdade, no entanto, não lembro de tê-la visto nunca mais na minha vida (O que parece ser um tanto difícil; a não ser que ela tenha morrido logo depois dessa cena, devemos termos nos cruzados em alguma ocasião. Mas, se tal aconteceu, minha memória apagou.)

Minha mente retorna àquela casinha, às vezes. Ao crescer (e ao sentir em mim os mesmos efeitos), entendo e reconheço agora os gestos, os modos e a fala da velha: ela estava bêbada.

Sou um rapaz urbano, criado em bairro de periferia distante meia hora do centro da cidade. A palavra “Natureza” era sinônimo de Mato Que Precisa Ser Cortado Para Nos Dar Caminho. “Casinha Branca” nunca me trouxe sensações agradáveis ou idílicas. E por muito, muito tempo, a imagem que representou e simbolizou a “Velhice” para mim foi essa: uma mulher cansada, banguela e bêbada, exalando solidão.

VOCABULAREMOS

23 de maio de 2008

“Vocabulário é o nome do evento idealizado pelos escritores Chacal e Paulo Scott, com a curadoria de Marcelino Freire, Marcelo Montenegro e Gabriel Pinheiro, especialmente para o Espaço Cultural B_arco Virgílio.

Na sua primeira edição serão seis horas ininterruptas preenchidas por intervenções nas quais se privilegiará a palavra falada, os muitos sotaques e jeitos pelos quais ela é dita e reinventada no Brasil.

Escritores, atores, cineastas, roteiristas, músicos, filósofos, malabaristas, disc-jóqueis, dramaturgos, bailarinos, ilustradores e grafiteiros se revezarão no palco em oito blocos diferentes, oito maneiras diferentes de jogar com palavras e também com suas mais inusitadas sonoridades.

Um circo, um parque de diversões, um trem fantástico, onde a atração principal será o vocabulário.”

CONVIDADOS ESPECIAIS:

Virna Teixeira – Gero Camilo – CarOlina Manica

Claudinei Vieira – André Sant’anna – Andréa Del Fuego

Amarildo Anzolin – Bruna Beber – Daniel Galera – Daniel Minchoni

Fernanda D’Umbra – Fernanda Siqueira – Flávio Vajman – Malásia

Maria de Lourdes Ferreira Alves – Mário Bortolotto – Lirinha

Laura Leiner – Luana Vignon – Luciana Penna – TainÁ Muller

Ana Rüsche – Ale MaRder – Analu Andrigueti – Fabrício CorsalettI

Paula COhen – Paulo Pessoa – Sergio Mello – Tony Monti

SERVIÇO:
Dia 24 de maio de 2008 (Sábado)
A partir das 17h – Entrada Franca
Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto 426
Pinheiros – São Paulo – SP
Fone: (11) 3081-6986

VOCABULÁRIO no b_arco

22 de maio de 2008

Neste sábado a chegar, dia 24 de maio, prestenção: a partir das 17:00, VOCABULÁRIO. Mega evento de literatura, poesia, arte, no b_arco, em Pinheiros. Desconcertábil Claudinei Vieira estarei presente, mostrando um pouco do que escrevo, mas não precisa se assustar: acompanharei uma miríade de gente da pesada, grandes figuras, grandes escritores. Para começar, é só ver quem convida: Paulo Scott, mestre Chacal, Marcelo Montenegro, Marcelino Freire, poetas-agitadores-máximos que há tempos revoluteiam as ondas literárias e revolutearão agora o b_arco neste sábado. Eles sabem das coisas. E veja-se a arte absurda desse convite! André Kitakawa, mandando tudo!

b_arco, Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros São Paulo.

Fernanda D´Umbra precisa de um muro

22 de maio de 2008

Não sei se ela já conseguiu, capaz de ainda não:

PRECISAMOS DE UM MUROMartha Nowill, Edson Kumasaka e eu, precisamos de um grande muro emprestado. É para o trabalho que estamos fazendo sobre a Ana Cristina Cesar, que estréia no próximo dia 29 no SESC Pompéia. Pixamos o muro e depois pintamos e entregamos bem bonito. Precisa ser um muro razoavelmente grande. Alguém pode ajudar? Estará nos créditos, agradecimentos e em nosso coração para sempre. Se alguém tiver um muro aí, por favor, escreva para fernandadumbra@uol.com.br

Desde já, obrigada!”

http://semgelo.zip.net/index.html

Eles vêm aí

21 de maio de 2008

Elá virá. Cindy Lauper, uma das musas pop da década de 80 e da minha adolescência. Era divertida, cantava mal, tinha a voz fininha e desafinada, e era colorida, atitudes coloridas (proto-adolescente rebelde sem pretensão perigosa nenhuma), roupas coloridas, cabelos exageradamente coloridos, músicas coloridas, verdades coloridas. Isto é, sem choques, as garotas só queriam se divertir, e se divertiam, e nós também, sem exageros, nem comprometimentos, só passatempo. Mas, passou, não? Fico contente, realmente, que ela tenha continuado a trabalhar e a produzir (gravou inclusive um disco de jazz, não tão ruim como se poderia esperar). No entanto, tive a oportunidade (ou o azar) de ver um clipe dela atual em um show do ano passado. Não. Passou. Vejo que ela virá para o Brasil no segundo semestre e vou ficar atento, vou querer saber exatamente quando será. Para ficar longe. Com o devido respeito, claro. 

Ele virá. Sinto muito, não vou dar informações sobre ele aqui. Informe-se. E babe-se. (no meu caso, só ficarei babando mesmo, faço questão de nem saber quanto será o preço dos ingressos).

Chuck Berry é Chuck Berry.

Pronto.

“ih, amassou”

21 de maio de 2008

Essa vem direto do blog da Crib Tanaka, um dos mais espaços mais inteligentes, elegantes e sofisticados da net:

“Já pensou em ter, em vez de calhamaços de folhas em cima da mesa, um e-papel? E se ele ainda por cima for dobrável? A invenção no melhor estilo Jetsons + De Volta para o Futuro se tornou realidade. A primeira tela dobrável (que conta com display de até 65 mil cores diferentes) foi criada pela Polymer Vision, da Philips, e será apresentada na convenção anual da Sociedade de Informação de Displays, que acontecerá neste final de semana em L.A.. A resolução do papel eletrônico, que pode ser enrolado até 6 mm de área, tem 127 pontos por polegada, quase duas vezes superior à das telas de computador atuais. Luxo hi-tech total.” no CIRCULADOR.

Eu já avisei. Eu quero. Dois. Um só para ficar de reserva. 

CAT PEOPLE: Sublimação, Desejo, Poder e Medo do Homem diante da Mulher em dois filmes de terror e erotismo

20 de maio de 2008

Em 1942, Irena, uma jovem e bela sérvia, trabalha em Nova York como modista e se apaixona e se casa com um norte-americano. Não é um relacionamento tranqüilo, pois ela teme carregar uma maldição em sua família: ela pensa que descende de uma raça de mulheres-panteras que se transformam quando estão em algum apogeu de grande emoção e / ou quando fazem sexo. Ela sente que a coisa vai acontecer, pois percebe que está com ciúmes violentos de uma amiga do seu marido e teme que ela sofra algum ataque seu quando estiver transformada. Preocupado, o marido cuida para que ela vá se tratar com um psiquiatra.

Roteiro enxutíssimo, quase nenhum efeito especial, trabalhando mais com jogos de câmeras simples, mas muito eficazes, e uma iluminação de claro/escuro belíssima e instigante, e fotografia fantástica CAT PEOPLE ficou conhecido no Brasil como “Sangue de Pantera” e é um clássico de terror psicológico e erotismo velados. Isto é, nada nunca é mostrado, nada nunca é explicitado, não há monstros, nem cenas de violência. O medo é sugerido, entrevisto, escutado. A fera (se por acaso existir e se a maldição for real e não somente loucura de Irena) nunca é mostrada. O sexo, o desejo, também. Mas estão lá, à espreita, prestes a atacar.

Filme bárbaro que funciona até hoje!

Quarenta anos depois, fizeram CAT PEOPLE (“A Marca da Pantera”, aqui). O básico da história foi mantido: Irena é uma jovem bela e estranha que passou sua infância complicada em orfanatos e instituições especiais até conhecer seu irmão, quando fica sabendo que eles pertencem a uma raça especial que precisa manter relações sexuais entre si porque, quando transam, se transformam em panteras selvagens e assassinas. Precisam matar para retornar ao estado de humanos. A coisa se complica pois, além de Irena não concordar em se entregar a esta relação incestuosa, ela ainda se apaixona por outro cara e não sabe como lidar com esta maldição. Já pensou como seria sua noite de núpcias? O outro camarada ainda por cima é diretor do zoológico local e está ajudando a caçar uma pantera que está aterrorizando a cidade…

Não é um grande filme, é simples, mas dá para assistir numa boa, sem grandes pretensões. Mas também é um clássico. Por conta da pantera principal: Nastassja Kinski. Puta que o pariu de pantera!!

Os elementos estão apontados. Em 1942, a mulher ativa e liberada (que, no entanto, existia ou lutava para se impor) não podia ser aceita. Não à toa, a pantera tinha que ser de fora, não podia ser uma nativa, uma norte-americana ‘da gema’, tinha que ser uma estrangeira, alguém misterioso de algum lugar remotamente conhecido e exótico o suficiente para provar ao espectador o quanto Lá é estranho e o quanto Eles (ou, principalmente, Elas) podem ser perigosos. Mortíferos até. A moral e a família precisam ser mantido, a tranqüilidade precisa ser reposta. O final de “Sangue de Pantera” toma isso a cargo. Como não poderia deixar de ser em um filme realizado no começo da década de 40.

Em 1982, mesmo com a diluição destas premissas e mesmo que a mulher contemporânea tenha tomado posições bem mais avançadas do que seria imaginável em tempos idos, e mesmo que o diretor esteja mais preocupado em mostrar o corpo de Nastassja (ela fica pelada boa parte do tempo), do que em fazer discussões ou até mesmo de mostrar eficiência em criar suspense, Mesmo assim, é extremamente interessante observar como os dois filmes e as duas Irenas se parecem e mantém laços. O sexo já não é mais visto como O Perigo (a era mais pesada da Aids ainda estava só começando), fazendo com que os produtores tentem forçar um pouco a barra ao tentar encontrar algum problema e demonstrar que a questão, na verdade, era o Incesto. Fazer sexo tudo bem; fazer sexo com a Nastassja melhor ainda (mesmo que um tanto quanto ‘perigoso’). Mas com o irmão não, nunca! O foco mudou,  o vilão agora não é mais a mulher e sim seu irmão que insiste em se arrogar o direito a sua …. depravação, digamos assim.

Apesar disso, Irena/Nastassja ainda é um ser estranho, perigoso, além das fronteiras (não estou lembrando agora se a personagem é norte-americana ou não) que pode não ser a vilã, nem o mal personificado, nem é louca mental. No entanto, ela ainda assim carrega a sua maldição. Esse furor sexual ainda assusta, não é ‘normal’, precisa ser controlado.

E o modo como o cara do zoológico encontra para ‘controlar’ Nastassja é de matar de inveja a todos os homens e lésbicas do mundo. Ai, ai.

ps. comentários da minha amiga Sabrina K ao ler este texto: Claudinei, legal você ter lembrado deste filme – a versão mais antiga eu não conhecia. CAT PEOPLE me marcou muito, e coloco ele junto com aquele com a Catherine Deneuve, com o David Bowie, viravam vampiros, e os amores dela tinham tempo de duração, mas não libertação, eram encaixotados num sótão surreal, iluminado, leve, com muito ar, e os amores ali, vinculados a ela, vampirona mor, envelhecendo, apodrecendo em vida, sofrendo, orando por liberação ainda que na condição de demônios. Vampiros e amor. Cat People, o não domesticado sentimento humano, em sua condição mais selvagem, o descontrole, o nada social sentimento vindo de um corpo animal, essa condição humana atordoante e ininteligível nossa do dia a dia.

Como mulher – e às vezes vejo que o olhar de uma mulher sobre um filme é tão diferente do dos homens… – te digo, não lembro dos homens do filme, mas de Nastassja Kinsky. Tão meiga, tão pura, tão virgem, e tão mortal. Jaulas, felinos, desejos, mulher e homem, descontrole, não doméstico, não controlável. Incontrolável. E então criamos e multiplicamos a Aids, e o controle deve ser cada vez mais rígido, de tudo, do todo. Mas se a Aids mata o corpo, qual é essa ameaça que estes filmes pré-Aids traduzem, essa ameaça mortal, de controle e descontrole, vida e morte, que esses filmes anunciam e mostram? A dependência, o despertar, sentimentos dignos de flauta convivendo com a mais atordoante percussão? Ufa, e dê-lhe vinho tinto, do bom, prá viver essa vida com tudo isso que veio na bagagem…
Abraços cinéfilos,

ps. Eu achei dez a reflexão sobre a Aids, porque se fossem filmes pós Aids, poderiam ter uma outra leitura… Mas eu não sei, te conto que Fome de Viver foi o único filme que me fez sair do cinema… Aquelas cenas de macacos enjaulados envelhecendo rapidamente, e o vampiro buscando cessar a velhice, eu só consegui assistir de uma segunda vez. E Cat People tem uma coisa muito feminina, Claudinei, só sendo mulher e padecendo de toda a repressão da sociedade ocidental católica prá você saber o quão enjauladas nós somos.

Prestenção: hoje, Ruídos Urbanos; sábado, Vocabulário

19 de maio de 2008

Ruídos Urbanos, novo livro de Moacyr Moreira, editado pela Ateliê, ilustrado pelo artista plástico Enio Squeff, lançamento no Soteropolitano! Hoje, na rua Fidalga.

VOCABULÁRIO, no B_Arco, sábado que vem. Olha só quem convida: ninguém menos que mestre Chacal, Paulo Scott, Marcelo Montenegro e Marcelino Freire!!

Momento Blockbuster

15 de maio de 2008

 

 

 

Semprei achei o Homem-de-Ferro um personagem bacana, simpático diria, embora não tenha chegado aos níveis da minha adoração pelo Homem-Aranha e o Demolidor. Um playboy hipersuperarquimilionário da indústria de armas, com um problema no coração que precisava ser mantido com um máquina, preso no meio da guerra da Coréia, escapa e monta seu próprio superequipamento de superherói, já que pessoalmente é um simples ser humano, não um deus como Thor ou superchato como Superman, e se mantinha como um personagem lúdico e interessante, pois também não era sombrio como o Batman (nem ridículo como o Batman do seriado de tv).

 

O filme consegue manter todas essas características, atualiza-o para os nossos dias sem perder a essência do personagem nem da história. O que, na verdade, mostra que Iron Man continua extremamente pertinente e coerente, com todos seus vícios e ideologias imperialistas, coisas que obviamente eu não percebia quando era criança, e que não atrapalhava o prazer de assisti-lo na época, e não atrapalhou de assistir agora. O que vale aqui é a diversão. Curti, é passável, assistível (e esquecível), não chega aos pés da explosão de diversão que foi Transformers, mas é bacana.

 

Speed Racer. É absolutamente claro que não foram os irmãos Wachowski que produziram e dirigiram esse filme. Foi um técnico de photoshop. Colocaram o computador na mão dele e disseram “faça o que quiser”, e ele fez. Ou, então, foram mesmo os irmãos, cada um brigando com o outro para ver quem conseguia colocar ou inventar mais cores. “Já tem dois bilhões e duzentas milhões de cores aqui” “Então, vamos colocar dois bilhões, duzentos milhões e mais uma”.

 

Fui assistir sem nenhuma expectativa em especial. Gostava muito do personagem quando era criança, mas havia me decepcionado bastante quando reassisti o desenho muitos anos depois, já adulto. Essa foi uma das minhas experiências culturais que se mantém como lembrança querida, e somente como lembrança. Portanto, ao filme fui de mente aberta. O que fizeram? Mantiveram o eixo da narrativa original, o entrecho, os personagens e suas características, o carro (superimportante). Os atores estão caricatos, são seres humanos imitando personagens de desenho animado, ridículo. O que faltou? Roteiro, direção, bom senso. O que sobrou foram as cores. Cores, cores, cores. Na metade do filme, perdi o interesse, que já não era lá essas coisas quando percebi nos primeiros cinco minutos o que aconteceria pelo filme inteiro. Não cheguei a dormir, mas foi quase.

 

Ah, “My Blueberry Nights“.

 

Que porre.

 

Chato, chato, chato.

O ESCRITOR E SEUS FANTASMAS, de Ernesto Sabato

15 de maio de 2008

Ernesto Sabato é o autor de “Sobre Heróis e Tumbas”, uma das três maiores obras da literatura latino-americana de todos os tempos (as outras duas são, obviamente, “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa), mesmo considerando que seu primeiro romance, “O Túnel”, também reeditado pela Companhia das Letras, já era um clássico. Junto com “O Túnel”, a editora publicou quase ao mesmo tempo o livro de memórias de Sabato, “Antes do Fim”, o amargo e poético testemunho deste velho senhor nascido em 1911, agora quase cego e que tem se dedicado à pintura por conta dos seus problemas de visão, pois uma tela exige menos dos seus olhos. Ainda assim, continua com uma lucidez impressionante e uma mentalidade afiada e instigante. (demorou um pouco para reeditar também seu terceiro romance, “Abadon, O Exterminador”, mas aconteceu)

“O Escritor e seus Fantasmas” são as reflexões de Sabato sobre o ofício de escrever. Publicado pela primeira vez na Argentina em 1963, fez parte de uma intensa discussão sobre a literatura e seus compromissos onde se misturavam, e se confundiam, propósitos políticos e ideológicos, além dos propriamente artísticos. A grande questão talvez fosse saber onde ficavam os limites, se é que existiam, entre arte e realização pessoal em contraponto a uma literatura desejosa de radicais transformações sociais. Hoje em dia, com a derrocada do mais poderoso expoente e sustentador da nefasta política de uma cultura proletária em oposição a uma cultura burguesa e decadente, esta discussão parece ter sido superada pela própria realidade.

Aparentemente, então, boa parte deste livro pode ser considerada como distante, antiga e ultrapassada, uma curiosidade quanto muito. No entanto, mesmo se Sabato se limitasse a um ataque a literatos marxistas, dos quais a História, com H maiúsculo, já tenha se encarregado de jogar na lata do lixo, só por isso já valeria a pena conhecer seu pensamento.

“O Escritor e seus Fantasmas” vai muito além da descrição de uma rixa entre literatos. Em primeiro lugar, porque Sabato não se coloca como um pensador profissional de literatura teórica. Ele não é um crítico ou um filósofo literário, muito menos um pesquisador. Ele é, acima e antes de tudo, um escritor.

É através de sua árdua experiência prática e cotidiana, que ele vai tecendo suas considerações. Afinal de contas, para que um escritor escreve? No prefácio, Sabato é bem claro: “Este livro se constitui de variações em torno de um único tema, o que tem me obcecado desde que comecei a escrever: por que, como e para que se escrevem ficções?”

Não há capítulos ou progressão geral para um pensamento único. São considerações que podem tomar várias páginas como quando discute o pretenso desaparecimento do romance como gênero literário ou quando combate o “subjetivismo” e o “cientificismo” na literatura. Ou, então, apenas um parágrafo, uma idéia, uma citação de algum outro autor. 

Deste livro, algo que se impõe à primeira vista é o profundo comprometimento do artista com sua arte. Sabe-se como Sabato pode ser sério em suas convicções: sua primeira formação foi como físico. Deixou a Física, mesmo tendo fortes possibilidades de ganhar o Prêmio Nobel por suas pesquisas, porque ela não lhe completava como ser humano e nem respondia a suas angustiadas questões morais e pessoais. A literatura, sim, a arte em geral podem proporcionar respostas.

Esse engajamento na arte deve ser absoluto. Em um trecho intitulado “A condição mais preciosa do criador”, ele diz que essa condição é “O fanatismo. É preciso ter uma obsessão fanática, nada deve antepor-se a sua criação, deve sacrificar qualquer coisa a ela. Sem esse fanatismo nada de importante pode ser feito”. Mais para frente, diz: “O homem de hoje vive em alta tensão, diante do perigo da aniquilação e da morte, da tortura e da solidão. É um homem de situações extremas, chegou aos limites últimos de sua existência ou está diante deles. A literatura que o descreve e o interroga só pode ser, portanto, uma literatura de situações excepcionais”.

Para Sabato, a arte não pode ser prostituída: “Se recebemos dinheiro por nossa obra, tudo bem. Mas escrever para ganhar dinheiro é uma abominação. Essa abominação se paga com o abominável produto que assim se engendra”. Então, como viver? “De qualquer modo, desde que a criação não seja manuseada, abastardada, barateada: montando uma oficina mecânica, trabalhando de empregado em um banco, vendendo quinquilharias na rua, assaltando um banco”.

Partindo de Sabato, estas afirmações adquirem uma conotação que saem do meramente retórico. Afinal, ele é uma pessoa que teve a coragem moral de assumir suas convicções e de pagar por elas.

Fanatismo artístico, no entanto, não significa cegueira cultural. Ao lado de todo esse seu radicalismo artístico, há uma enorme dose de sobriedade e lucidez. Ao discutir a visão marxista de arte, por exemplo, Sabato critica, ataca e denuncia a falsidade dos quadros dogmáticos e esquemáticos dos marxistas de carreira tanto quanto a ignorância e preconceito dos que acreditam que o marxismo, e o próprio Karl Marx, se reduzem a um economicismo simplório.

Sua ironia fina, elegante e penetrante e a escrita direta e simples, marcas absolutas de toda sua literatura, estão presentes aqui em alto grau. Em um trecho intitulado “Sobre os perigos do estruturalismo”, ele comenta: “Quase tudo é estrutura. Como afirmou solenemente um professor: com a única exceção do que é amorfo, tudo apresenta uma estrutura. O que é mais ou menos como dizer que, com a única exceção dos animais invertebrados, todos são vertebrados”, isto é, uma “pomposa imbecilidade”.

A tentação de encher este texto com citações é quase incontrolável; quase a cada página, é possível encontrar uma pérola. O que não significa que não haja também momentos baixos ou afirmações óbvias e simplistas. Mas, elas não atrapalham nem o desmerecem.  Afinal, “O Escritor e seus Fantasmas” são as palavras de quem sabe o que está fazendo e fez durante a vida inteira.

 

publicado agora também pelo blog de amigos e amigos de literatura, o Rosebud. VAleu, Vera!

Amigos pelas ruas de uma São Paulo em pé de frio.

14 de maio de 2008

Querida Li, como andas pela cidade de São Paulo? Claro, sabemos, percorremos essas ruas frias, de um gelo que ainda não esperávamos, quem sabe seria somente para o mês que vem, no entanto, nos pegou agora, desestrutura nossa rotina, torna ainda mais difícil a sempre extenuante tentativa de levantar a cabeça do travesseiro, com todos os tempos verbais possíveis ainda embaralhando o sono e o trânsito.

Li, como andas? Pois gostaria de dizer que as ruas, apesar dos agasalhos, estão fervendo, que cabeças estão fervendo, que amigos meus e nossos estão brigando para mostrar arte e talento, e sabemos bem que, ao lado dessa tal amizade estes caras e estas minas mandam muito e prezam demais continuar brincando com a bola para ‘desfrutar desse indescritível prazer que é chutá-la mais longe’.

Misto de admiração e espanto, penso neles. Em Fábio Brum, guitarrista do Bêbados Habilidosos, do Made in Brazil, faz arrepiar a alma com seus acordes, a ponto do mestre Chacal dizer que gostaria de fazer poesia como Fábio toca sua guitarra, e agora repassa sua experiência dando aulas. Não vou falar de sua excelência, basta tê-lo ouvido uma vez, ou aproveite-se um Tranqueiras Líricas, um Saco de Ratos Blues, um Melodrama Blues. Paulo Stocker é outro. Traços e linhas se aprendem e se aperfeiçoam.

Flavinho Vajman é outro. Conhecido até há pouco como Garoto-Enxaqueca, é preciso reconhecer o quanto ele é chato é com seu trabalho, com sua arte, com o modo como lida com o que sabe melhor fazer, sua música. Penso em sua apresentação com Fernanda D´Umbra no Bourbon Street, tocando com a boca machucada, para se perceber sua seriedade: tocando gaita. Penso em que o ponto na Frei Caneca, o famigerado Juke Joint, está para fechar (ao que tudo indica, realmente fecha agora) no dia 31de maio, fechando um ciclo em sua vida e na vida cultural dessa cidade. Flavinho com suas aulas de gaita pode até assustar, mas como o Mário Bortolotto já disse uma vez, ele só morde se você pedir. Penso no Paulo de Tharso, essa figura extraordinária, que exarceba em sua simples pessoa toda essa complexidade de um fazer / ser artista mandatário dessa tão antiga tradição de ser / fazer / ser humano. Carisma e talento se unem, músico e ator, cantor e poeta, escritor e professor de francês, com o qual fala um francês castiço e exuberante, baseando-se em peças de teatro ou obras literárias ou cinematográficas ou um falar simples e direto para necessidades imediatas, conforme desejar o aluno.

Querida Li, não sei bem o que dizer. Devíamos marcar uma ponta, tomar um café (isso é, você tomaria um café, eu ficaria com a minha cerveja, ou sempre podemos compartilhar um vinho), deixar passar o frio, o vapor de nossas bocas se confundiria com a fumaça dos carros congelados nessa São Paulo que ambos conhecemos, e eu diria da minha incapacidade de absorver o tamanho da bronca que poderíamos aguentar. e da impossibilidade de abarcar com a mente a quantidade de arte que nossos amigos conseguem produzir e com qual dimensão. Preciso te ouvir sobre suas aulas (imagino que ainda dê aula, em quatro ou cinco escolas diferentes por dia, como normalmente você fazia, além do doutorado na História) e retribuirei perguntando, com a minha costumeira ansiedade, sobre sua vida e acrescentarei, com um certo toque mínimo de malícia: Você conhece o trabalho do Edinho Kumasaka? Suas fotos causam um estranhamento instigante delicioso. Não são bonitas. São impactantes (veja a cara desse boneco!). Vai abrir exposição sua lá no B_Arco em Pinheiros (outra usina impressionante de talento). Precisamos assistir ao “Desatino” no Sesi da Avenida Paulista, é de quarta a domingo, é de graça e é com a Mariana Leme (o que por si valeria pagar qualquer ingresso, aliás), vai estrear nesta quinta, mesmo dia da abertura da exposição do Edinho no B_arco. Podemos nos jogar na exarcebação de um (anti-)Sade, no Anti-Justine, no Teatro X, da Rui Barbosa, suas sessões são às sextas-feiras, meia-noite (e, portanto, poderíamos, com justeza, passar pela Praça Roosevelt e nos dirigir para uma fogazza no Giannotti, como já combinamos e ainda não rolou); ou nos embebedar nas palavras de Dostoiévski, em “A Voz Subterrânea“, uma adaptação de “Memórias do Subsolo”, espetáculo que impressionou fortemente nosso caro Paulo de Tharso (veja aqui: http://paulodetharso.blog.uol.com.br/). Ou nos desbragarmos no nonsense hilário do Rolex – o antivelox, do Mário Bortolotto, no Teatro Ruth Scobar. Quero falar com mais vagar e falarei, em outro momento, do ‘Natimorto‘, no Parlapatões, e da “Festa da Abigaiu“, que retornou, dando mais uma chance aos incautos e desavisados (tipo um claudinei da vida) para não perderem infantilmente a oportunidade.

Podemos, é claro, querida Li, esquecermos todos esses amigos e sua arte e continuarmos com o café e a cerveja, passarmos pela casa da Tati Carlotti, e observarmos o frio caindo na paulistana Brigadeiro Luís Antônio, perceber o sentido do embaçamento acumulado na janela da sala e da fumaça do cigarro, ouvir um Chet Baker (que sempre cai bem), e podermos enfim conversar.

Um banco no Parque Trianon

12 de maio de 2008

Tarde ensolarada em São Paulo, Avenida Paulista. Isto é, quente, abafada e poluída. Barulho, sujeira e fumaça. Isto é, tudo dentro da mais absoluta normalidade. Pedro soube, portanto, que havia feito besteira de comer feijoada no almoço. Barriga pesada, ainda tinha alguns minutos antes de voltar, enxergou um banco amplo em frente ao Parque Trianon, um oásis inesperado, estava vazio, debaixo de algumas árvores que sobravam por cima do parque, não se ligou na absurda impossibilidade daquele banco. Porque, além, tudo correto, a feirinha hippie, os camelôs, os passantes, o chinês do yakissoba aproveitando a ausência do rapa.
Sentou, respirou aliviado, a sombra era mais fresca do que imaginara, tirou a garrafinha de água já não mais gelada, pensou no serviço a ser completado, pensou em sua namorada que trabalhava no mesmo ramo mas em outra empresa no lado oposto da cidade, pensou que teriam que desmarcar o encontro do final-de-semana, ambos trabalhavam, pensou no serviço farto a sua espera, pensou em sua mãe (…), e um tanto de preocupação para que terminasse logo aquela marcha-dos-estudantes-contra-o-aumento-da-passagem-do-ônibus pois ainda teria que visitar um cliente no final da tarde. Dispôs-se, afinal, a levantar e encarar o escritório quando percebeu que não estava sozinho.
Um senhor careca, mirrado, terno, calça, gravata, impecáveis, limpérrimas e até pareciam … lisas demais, muito retas (Pedro estava querendo dizer para si mesmo que as roupas do seu agora-companheiro-de-banco estavam Engomadas. Mas como nem conhecia esta palavra, então não se disse nada). Aquele senhor lia um jornal, e era bem empertigado, coluna ereta, cabeça levantada, os sapatos (estava esquecendo dos sapatos) brilhavam de graxa, e era muito … careca, quer dizer, sobressaía, nem era uma questão de idade, pois não tão velho assim, um crânio moreno bem chamativo. Havia até mesmo uma certa aura de ridículo a sua volta, embora se identificasse também uma certa dignidade.
Enquanto virava a página do jornal, o velho voltou-se para ele e disse:
– Como vai, Pedro?
Ótimo! Além de ter sido pego no embaraço flagrante de olhar direto na cabeça do outro, Pedro ainda se viu mais uma vez naquela maldita situação de ser cumprimentado por alguém que não tinha menor idéia quem fosse. E, apesar de se orgulhar de uma perfeita memória visual (‘fotográfica. nunca esqueço um rosto, mesmo que não lembre do nome’), neste caso não houve nenhum tipo de lembrança. Ficou sem saber o que responder, e deve ter transparecido, pois o senhor disse, agora com um sorrisinho simpático:
– Não se preocupe.
Certo. Não se preocuparia, então, Pedro. Estava tudo bem. Definitivamente, um ‘não se preocupe’ era a última coisa que esperava ouvir. Olhou para um lado para o outro, olhou para o senhor, que voltara a ler o jornal, sem parecer que estivesse perturbado. Por que estaria?
– Desculpe, com licença – os olhos daquele cara eram de uma surpreendente fixidez – Eu … não lembro de onde nos conhecemos. Foi daqui da cidade mesmo?
O velho (afinal de contas, tinha muito mais idade do que parecera a princípio) pausou um instante, abaixou o jornal e disse:
– Você trabalha naquela agência de publicidade com um nome italiano. Mazzuchero, Mazzuchiro… – não foi uma pergunta.
– MAZZUCHARO. Sim, é isso mesmo.
– Então.
Foi um ‘então’ explicativo, que se pretendia definitivo. Continuou mantendo o olhar fixo até Pedro murmurar um baixinho “ah, sim” e retomou ao jornal. Pedro começou a se sentir meio incomodado. Algo não estava certo, não senhor, não estava. Quem sabe, um início de azia. Ele preparou uma palavra de despedida, mas antes que se levantasse, o velho falou olhando para o outro lado da rua:
– Que garoto besta!
Pedro olhou também, mas não enxergou nada. Isto é, viu muita gente, muita coisa, nada chamou sua atenção. Levantou-se sem dizer nada, um tanto embaraçado, tentou falar sua famosa palavra de adeus, de repente na outra calçada um tumulto. Pelo que pôde entender, um trombadinha agarrara a bolsa de uma mulher e saiu correndo. E viu a ‘besteira’: logo na esquina, três passos de distãncia, um par de pms, puro azar, desleixo, falta de atenção do pivete.
– O pior é que não tinha nada de valor naquela bolsa.
Nisso, Pedro teve que sorrir. O velhinho tava zoando da cara dele, querendo convencê-lo de que estava adivinhando as coisas. Era algum truque. Pegadinha. Tinha que ir embora.
– Tenho que ir embora. Voltar para o serviço. Prazer… ver o senhor, hein. Cuide-se, hein.
– Cuidado pra atravessar a rua.
O sorriso agora estava escancarado.
– Sem dúvida. Tomarei cuidado, sim. A gente se vê.
O velho não respondeu, entretido. Pedro parou no semáforo, olhou para trás, o olhar fixo de novo, fez um gesto com a mão, um tipo de aceno, sem resposta. Aí, a questão pegou Pedro de vez. Há muitos anos não havia bancos de sentar em frente ao Trianon nem ao longo da Avenida Paulista, pois os mendigos acabavam usando-os como cama ou mini-casa. Apertou os olhos: até onde viu, dos dois lados, continuava não tendo mais nenhum outro banco. Somente aquele único. O sol a pino, a feijoada pesava, o trabalho acumulava e o esperava, nunca atravessou a rua com tamanha atenção em toda a sua vida, voltou-se na calçada, o velho empertigado-demais ainda o olhava, sentado em um banco que não poderia existir.

ilustração de Wilson Neves

claudineis e desconcertos por aí

12 de maio de 2008

 opa, o texto “Chacal e a APCA” que postei aqui há alguns dias atrás, mais precisamente quando o mestre Chacal recebeu o prêmio aqui em São Paulo, agora publicado, revisado e corrigido, nas belas páginas do site CRONÓPIOS, no qual tenho sempre muito orgulho de participar. É aqui

opa, opa, esse já faz um tempinho, não tinha falado ainda. o meu texto sobre o melhor livro de Amoz Oz, o A Caixa Preta. Neste charmossíssimo espaço para troca de leituras queridas, o ROSEBUD.

E fotoblog Flickr do Desconcertos  em ação. Algumas fotos do encontro com Wilson Vieira e Índigo, no Desconcertos Especial Roteiristas de Quadrinhos, neste sábado último, dia 10 de maio. Algumas fotos, pouquíssimas porque, claro, a máquina que uso se recusa terminantemente a trabalhar sem bateria…

Clique no link ao lado ou aqui direto

desconcertos rapidinhos, uma volta daqui, outras de lá

8 de maio de 2008

 

O Desconcertos na Paulista deste sábado vai ser um pouco diferente do habitual: será um bate-papo com duas pessoas que se relacionam com os quadrinhos.

 

Com a escritora Índigo, vou conversar sobre a experiência que ela teve em adaptar, junto com Bira Dantas, o “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida. Sempre achei, desde o primeiro momento que soube dessa produção, que fazia o maior sentido. Para quem conhece a obra original (é um texto delicioso, extremamente divertido) e sabe do trabalho da Índigo (uma das melhores escritoras brasileiras da atualidade, que sabe mesclar com enorme felicidade uma escrita tão lúdica, tão saborosa e divertida, com profundas e muito bem humoradas considerações sobre, e para, o universo adolescente infanto-juvenil, além de uma pegada satírica e séria, que serve a qualquer idade), concordará comigo.

 

Wilson Vieira é quadrinista antigo, isto é, está há mais de trinta anos na carreira, reconhecido mundialmente, em especial na Itália (onde me parece que montou sua segunda pátria) e agora está trabalhando mais com roteiros mesmo, em parceria com o desenhista Fred Macedo.

Claro que, por se tratar de uma arte eminentemente visual, a questão das imagens é primordial e falaremos dela, mas o que desejo pegar é pelo lado da Escrita e perceber a partir daí como ocorre essa transformação naquela tal imagem, nesta linguagem tão específica das Novelas Gráficas. Entender um pouco desse processo, saber um pouco de como foram essas experiências, vai nos ajudar até a entender um tanto da arte que conhecemos ao nosso redor, mas o principal é que será uma conversa muito divertida!

 

Só para lembrar: no sábado, dia 10, 17:00 hs, na Casa das Rosas, Avenida Paulista, 37.

 

– opa, atenção. Se elas já não se continham nos seus respectivos recantos e soltavam o verbo à vontade, nem dá para imaginar todas juntas no mesmo espaço. Caramba! Luana Vignon, Paula Klaus, Camilla Lopes, Fabiana Vajman. Já falavam pelos cotovelos, agora então:  http://falandopeloskotovelus2.blogspot.com/.

 

– uma turma muito boa se reuniu para produzir e se trocar textos, prestem atenção e podem entrar neste Motel, à vontade: http://mothel.blogspot.com com Bianca Rosolem, Rodrigo Mello e Emerson Wiskow.

 

Quadrinhos poéticos pelo metrô de Barcelona. Entre os dias 14 e 21 acontecerá o 12° Festival de Poesia na cidade de Barcelona e, entre as várias atividades, muitas mesmo, uma das mais interessantes sem dúvida alguma será o dos ‘comics-poemas’, los ‘poemas-viñetas’. Poemas curtos ilustrados que serão afixados nas janelas de algumas linhas do metrô. Literatura, quadrinhos, modernidade, urbanidade, mesclados de forma tão direta e … poética contemporânea, não consigo encontrar outra expressão mais adequada. Não entendi na notícia se essa exposição será permanente ou se ficará somente na época do Festival, mas pelo menos por algum tempo os usuários de Barcelona não estarão enxergando propaganda de banco ou de chocolate ou de universidades picaretas, coisas não tão poéticas, digamos assim, a que os paulistanos estamos acostumados.

  

Sexo dos filósofos. Esta é a da revista Lire. Diz aí: como os filósofos fazem amor? Não o que eles pensam e escrevem sobre sexo, mas o Como eles fazem sexo? O modo como eles trepam ajuda a esclarecer o sentido de seus pensamentos?

 

Tudo bem, no primeiro instante também achei que isso era uma bobagem tremenda, mas confesso que à medida que fui lendo o texto o negócio acabou me parecendo bem interessante. Das relações com a questão carnal é possível se tirar todo um contexto histórico que permeia o fundo de suas respectivas filosofias. Tanto pelo lado dos provocadores ativos (como um Diógenes, da escola Cínica, que se masturbava em público) quanto pelos que renegavam a carne, como Pascal e Spinoza (que preferiam o Amor de Deus ao amor terrestre). “Matéria pouco filosófica”, escreveu Voltaire para a definição de ‘Amor’ em seu Dicionário Filosófico. Em outros tempos, Reich diria praticamente o extremo oposto, sobre o amor e a sexualidade. Isso sem falar, claro, de Sartre e Simone de Beauvior, um capítulo bem especial sobre filósofos comedores.

 

Tudo bem, acho que continua sendo bobagem. Mas é divertido, vá lá. Para ler em momentos de descontração (ou de tensão, sei lá) sexual. Filosoficamente falando.

 

– demorei para dar o devido destaque ao belíssimo visual novo do site Verbo 21. Um dos melhores sites brasileiros sobre literatura e cultura, criado e tocado pelo escritor Lima Trindade (figura que mora em Salvador, tem três livros lançados, e participou de um dos meus Desconcertos lá na Casa das Rosas) agora ficou com um lindo projeto gráfico, o que valoriza ainda mais a qualidade e a densidade do seu material. Parabéns, Lima!

 

– não tenho vergonha de admitir minha ignorância, ela é tremenda e vasta. Somente agora conheci o trabalho extraordinário da artista plástica Isabel Guerra.

 

É de deixar cair o queixo de tão bonito. E de saber que isso é pintura, não fotografia. E que ela é autodidata. Isabel Guerra é uma monja que fica enclausurada em seu mosteiro em Saragoza e que só sai de lá de três em três anos, mais ou menos, para expor em Madrid os trabalhos que realizou nesse período. Suas mulheres (adultas e crianças) transmitem uma calma e tranquilidade (quase ao ponto da languidez, quase) e uma beleza tremendas.

 

A tentação (será que dá para usar essa palavra aqui?) de colocar um monte de seus quadros neste espaço desconcertábil é grande, mas vou me conter. Deixo dois exemplos